Meta planeja recorrer à energia nuclear para sustentar crescimento exponencial do uso de IA, enquanto outras big techs também buscam alternativas
A Meta, empresa controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou planos ambiciosos para garantir até 4 gigawatts de energia nuclear nos Estados Unidos, com o objetivo de alimentar suas crescentes ambições em inteligência artificial (IA). A iniciativa visa atender a demanda crescente de energia gerada pelo desenvolvimento de modelos de IA avançados, como o Llama 3.1 405B, e para atingir suas metas de sustentabilidade, segundo informações do site especializado The Register.
De acordo com a Meta, as tecnologias do futuro da conexão humana, como as inovações em IA, exigem redes elétricas que possam expandir e abraçar novas fontes de energia limpa e confiável.
Isso levou a empresa a publicar um pedido de propostas (RFP) para encontrar desenvolvedores que possam fornecer a capacidade de energia necessária até o início de 2030. Segundo a Meta, “avançar com tecnologias que construirão o futuro da conexão humana requer redes elétricas que expandam e adotem novas fontes de energia limpa e renovável”.
Compromisso com energia sustentável e desafios do setor nuclear
Embora a Meta tenha afirmado que continuará investindo em energia solar e eólica, parece claro que as grandes empresas de tecnologia estão cada vez mais convencidas de que a energia nuclear é a única maneira prática de atender ao consumo crescente de IA, ao mesmo tempo que cumprem seus compromissos de sustentabilidade.
A Meta anunciou, por exemplo, um novo data center de US$ 10 bilhões na Louisiana, nos Estados Unidos, que utilizará eletricidade fornecida pela Entergy para atender às demandas da instalação.
No entanto, não é a primeira vez que a Meta explora o uso de energia nuclear. Em uma tentativa anterior, a empresa planejava construir um complexo de data centers alimentado por energia atômica, mas o projeto foi cancelado após a descoberta de uma espécie rara de abelhas na área proposta.
A Meta acredita que a energia nuclear poderá ser viabilizada por meio de pequenos reatores modulares (SMRs, em inglês), que são reatores miniaturizados semelhantes aos usados em submarinos e porta-aviões nucleares. Esses reatores podem ser fabricados e localizados ao lado de data centers e outros prédios industriais. O uso dos SMRs pode ajudar a reduzir custos e garantir uma fonte de energia confiável para atender às necessidades das grandes instalações de processamento de IA.
Concorrência e interesse crescente pelo nuclear
A Meta não está sozinha em sua busca por soluções nucleares para alimentar seus data centers. Empresas como Amazon, Google e Oracle também estão explorando projetos de energia nuclear. A Amazon anunciou recentemente uma parceria com a X-energy para construir vários SMRs, enquanto a Oracle obteve permissões para construir três SMRs para alimentar um campus de data centers de um gigawatt.
Mesmo assim, muitos especialistas alertam para os desafios enfrentados pela indústria nuclear, principalmente no que diz respeito ao custo elevado e à complexidade de construção dos reatores.
O Instituto de Economia e Análise Financeira da Energia argumentou que os SMRs são “caros demais, muito lentos para construir e arriscados demais para desempenhar um papel significativo na transição dos combustíveis fósseis”. Além disso, a segurança é uma preocupação constante, apesar de muitas evidências indicarem que a tecnologia é segura.
Obstáculos regulatórios
A Meta também está considerando outras opções, como a colaboração da Microsoft com a Constellation Energy para reativar o reator desativado da Unidade 1 em Three Mile Island. A Amazon, por sua vez, comprou o data center atômico da Talen Energy, localizado junto à usina nuclear Susquehanna, por US$ 650 milhões.
No entanto, essa infraestrutura existente não garante soluções rápidas: a Amazon, por exemplo, enfrentou obstáculos regulatórios em novembro, quando autoridades federais bloquearam um pedido para aumentar a capacidade de energia em sua instalação de 300 megawatts para 480 megawatts.
Os desafios regulatórios não se restringem apenas aos projetos antigos. No caso da Meta, levar os planos nucleares adiante não é trivial. O projeto da usina nuclear Palisades, em Michigan, nos Estados Unidos, que recebeu um empréstimo de US$ 1,5 bilhão do governo dos EUA, exigirá reparos substanciais e caros em seus tubos geradores de vapor.
A Meta busca ser uma das pioneiras a utilizar energia nuclear para alimentar o crescimento exponencial da IA, e seus esforços fazem parte de uma tendência crescente entre as gigantes da tecnologia. Com a crescente demanda energética impulsionada pela inteligência artificial, as empresas estão sendo forçadas a buscar fontes de energia alternativas para atender suas necessidades de processamento enquanto mantêm compromissos ambientais.
Segundo especialistas, “com poucas alternativas que não envolvem abandonar suas promessas de sustentabilidade, muitos operadores de data centers estão avançando com acordos de compra de energia com fornecedores de SMRs.”
Impacto no futuro da tecnologia
Embora o sucesso dos SMRs ainda seja incerto, o investimento da Meta e de outras empresas reflete uma crença de que a energia nuclear pode ser uma resposta aos desafios impostos pelo crescimento das tecnologias de inteligência artificial. A necessidade de redes elétricas mais resilientes e sustentáveis tornou-se mais evidente à medida que os modelos de IA se tornaram cada vez mais exigentes em termos de consumo de energia.
Meta, Google, Amazon e Oracle são apenas algumas das grandes empresas de tecnologia que estão explorando opções nucleares para atender à demanda crescente de seus data centers. Embora os desafios regulatórios e financeiros sejam grandes, a esperança é que, ao aproveitar as capacidades dos SMRs e investir em tecnologias nucleares, seja possível garantir uma infraestrutura de energia que suporte o desenvolvimento contínuo da inteligência artificial e outras inovações tecnológicas.
Por IT Forum (https://itforum.com.br/noticias/meta-4gw-energia-nuclear-ia/)