No CloudWorld 2024, parcerias com a AWS, Microsoft e Google pavimentam o caminho da Oracle para crescimento em nuvem pública
Durante o CloudWorld 2024, a visão da Oracle para um futuro multicloud esteve – mais uma vez – nos holofotes. “Estamos entrando em uma nova fase em que serviços de diferentes nuvens funcionam juntos de forma harmoniosa. As nuvens estão se tornando abertas, não são mais jardins murados”, disse Larry Ellison, fundador e atual CTO e presidente da Oracle, durante sua palestra de abertura do evento.
A visão de um futuro com múltiplas nuvens não é necessariamente novidade para a Oracle. Como uma das últimas empresas a entrar na disputa pelo mercado global de nuvem, a companhia sempre colocou a interoperabilidade e a flexibilidade como o centro de sua estratégia com a Oracle Cloud Infrastructure (OCI).
Desde o ano passado, no entanto, a organização começou a reforçar essa visão com novas parcerias estratégicas. Um passo importante foi o anúncio do Oracle Database@Azure. O produto surgiu como uma evolução do Oracle Interconnect for Azure, lançado em 2019, e passou a permitir aos clientes acesso direto aos serviços do Oracle Database executados na OCI dentro da nuvem da Microsoft.
Entre as vantagens de operar a estrutura nesse modelo estão a menor latência do tráfego entre os bancos de dados Oracle e os aplicativos em nuvem, além de uma interface unificada para usuários e interconexão comercial com a plataforma Azure. O produto já estava disponível em seis regiões de nuvem da Microsoft e, neste ano, teve sua expansão anunciada para 15 novas regiões – incluindo “Brasil Sul”.
O sucesso do produto levou a Oracle a buscar outros grandes provedores de nuvem no mercado. Em junho deste ano, foi a vez do Google Cloud. O Oracle Database@Google Cloud já está disponível em quatro regiões do Google Cloud nos Estados Unidos e na Europa, com previsão de chegar a outras regiões, inclusive na América Latina, nos próximos meses.
Agora, a Oracle fechou a trinca de parcerias com o último dos gigantes globais de nuvem: a Amazon Web Services (AWS). A integração Oracle Database@AWS estará disponível para clientes a partir de dezembro deste ano e repete a estratégia desenvolvida anteriormente com Microsoft e Google.
Além de permitir que clientes rodem o Oracle Autonomous Database e o Exadata Database Service em uma infraestrutura AWS, o Database@AWS também poderá se conectar “sem interrupções” a aplicativos executados no Amazon Elastic Compute Cloud (Amazon EC2), nos serviços de análise de dados da AWS ou nos serviços de inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina (ML) da AWS, incluindo o Amazon Bedrock.
“Se você é um cliente da AWS, basta entrar no console da AWS e provisionar seus servidores de aplicação e tudo o mais que precisar – incluindo o banco de dados Oracle”, explicou Ellison.
Ainda segundo a Oracle, haverá “total paridade” de recursos de seu banco de dados dentro da estrutura da AWS. Um exemplo é o Database 23ai, nova versão do banco de dados convergente da companhia, que traz o AI Vector Search, recurso que simplifica a pesquisa de documentos, imagens e dados relacionais com base em seu conteúdo conceitual e linguagem natural, em vez de palavras, pixels ou valores de dados específicos.
Para selar o acordo, Matt Garman, CEO da AWS, subiu ao palco com o CTO da Oracle para destacar as vantagens da parceria para clientes das duas gigantes. “Isso também irá acelerar a migração para a nuvem”, disse Garman. “Muitos clientes têm planos de migrar para a nuvem, e quanto mais fácil for para que eles usem componentes e aplicações que já apreciam em seus ambientes operacionais, mais fácil será a migração e a modernização de suas infraestruturas”.
Novo vetor de crescimento
O modelo de distribuição dos bancos de dados da Oracle junto à AWS, Microsoft e Google é um dos novos pilares de crescimento para a gigante de Austin. Nos resultados financeiros do primeiro trimestre do ano fiscal de 2025, divulgados na última segunda-feira (09), a Oracle reportou que as receitas totais de seus serviços de nuvem cresceram 22%, alcançando US$ 5,6 bilhões. Os serviços de banco de dados em nuvem, por sua vez, cresceram 23% e agora têm receitas anualizadas de US$ 2,1 bilhões.
“À medida que os bancos de dados on-premise migram para a nuvem, diretamente pela OCI ou por meio de nossos serviços de banco de dados em nuvem com a Azure, Google e AWS, esperamos que essas receitas se tornem, coletivamente, o terceiro pilar de crescimento de receita, junto com a OCI e o SaaS estratégico”, disse Safra Katz, CEO da Oracle, na conferência com investidores após a divulgação dos resultados.
Para Ellison, as parcerias irão “turbinar” o crescimento do negócio de banco de dados da empresa pelos próximos anos. O executivo, no entanto, destacou que as ofertas de nuvem pública não serão as únicas a alavancar o negócio da companhia, mostrando-se otimista também quanto ao potencial das nuvens privadas da organização.
Segundo o CTO e presidente, as ofertas de nuvem pública e privada da Oracle são hoje “absolutamente idênticas”. Quando isso é combinado com a miniaturização dos data centers que a Oracle está promovendo – com ofertas que deverão chegar a 50 kilowatts em breve – e com as pressões regulatórias de alguns mercados, a expectativa é que as nuvens privadas também ganhem espaço. “Esperamos que as nuvens privadas superem as nuvens públicas em um grande número”, afirmou.
Potencial para o Brasil
O modelo de integração entre Oracle e AWS, Google e Microsoft já tem data definida para chegar às regiões de nuvem no Brasil: a partir deste mês de setembro, o Oracle Database@Azure será a primeira das três parcerias a desembarcar no mercado nacional.
Antes previsto para 2025, o Oracle Database@Google Cloud deve ser antecipado e poderá estar disponível no país ainda em dezembro deste ano. O Oracle Database@AWS, por sua vez, só estará disponível em “meados” do próximo ano.
“O que estamos fazendo é devolver ao cliente a decisão de onde quer rodar seus sistemas. No passado, no modelo on-premises, o cliente comprava a solução que desejava. Agora, vamos oferecer a solução Oracle para rodar em qualquer nuvem que o cliente já utilize”, explicou Alexandre Maioral, presidente da Oracle Brasil, em uma conversa com a imprensa durante o CloudWorld.
Ainda que a estratégia seja importante para a Oracle globalmente, a interconexão com infraestruturas de nuvem da AWS, Microsoft e Google pode ter impacto limitado no mercado brasileiro.
Segundo Maioral, um dos motivos é que o Brasil foi o primeiro país em que a companhia fez a transição de clientes de bases de dados on-premises para a Oracle Cloud Infrastructure (OCI). Na América Latina, vale lembrar, mais de 70% das receitas já vêm de serviços de nuvem. Com isso, a empresa já conta com um grande número de clientes na OCI, limitando o volume de empresas que utilizam produtos Oracle em outras nuvens.
“No Brasil, essas parcerias têm nome e CNPJ”, brincou Maioral. “Uma indústria em que vejo muito potencial é o mercado financeiro. Lá, nós temos bastante banco de dados Oracle e muito uso de nuvens da AWS, Azure ou Google”, avaliou o executivo.
*O repórter esteve em Las Vegas a convite da Oracle.
Por IT Forum (https://itforum.com.br/noticias/as-nuvens-estao-se-tornando-abertas-afirma-larry-ellison-sobre-o-futuro-multicloud-da-oracle/)